segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A moça que trabalha lá em casa

Meses atrás eu li um post da Danuza que dizia que quando você encontra potinhos na geladeira e tem medo de abrir porque deve ter uma cobra dentro é hora de mudar de empregada.

A moça que trabalha aqui em casa, não tão moça porque é mais velha que eu, não esconde cobras nos potinhos. É boa, honrada e de confiança. Só que é folgada. Tinha esperança que ela pedisse umas 2 semanas de férias em janeiro. Para eu tirar férias dela e ela de mim. Mas veio com um H de tirar UM MÊS entre fevereiro e março quando a neta nascer. Menos mal que fevereiro tem menos de 30 dias.

Na sexta me pediu dinheiro emprestado - de novo. Hoje trouxe a filha - de novo - e apesar de teoricamente só sair de férias em fevereiro, já foi avisando que não vem dia 26 porque vai viajar com o namorado. Isso porque antes de tentar me morder 300 pratas na sexta, me mostrou um exame de quem vai ter que operar o períneo. Deus abençoe tanto tesão e energia.

Não tem cobra na geladeira, mas como a filhota veio encher minhas paredes de mãozinhas (ainda não entendo porque uma mocinha de 12 anos parece ser filha do Homem-Aranha), tinha uma "mousse" cor-de-bosque com 2 colheradas. Deve estar tão ruim que nem o amor de filha aguenta a terceira colherada. Quando dá larica lá se vai meio pote de requeijão e meio pacote de pão. Sem falar no miojo e na mortadela com pistache. Mas o que mais me irrita é quando minha mãe manda um pedação de qualquer coisa e, em vez de comer de uma vez, deixa só uma nesga num pratinho. Se vai comer come tudo KCT! E ficam rolando na geladeira 2 fatias de presunto, 1 fatia de queijo, um pote raspado de requeijão, as "tampas" do pão de forma, uma nesga de torta, um pote de mousse cor-de-bosque.

E por falar em pratinho, os que combinam com as xícaras e sobreviveram aos arremessos no escorredor, estão debaixo das plantas. Eu tiro os pratinhos, os pratinhos voltam lascados. Sem falar do risco da dengue. As plantas escorrem e mancham as peredes. Eu tiro os pratinhos, os pratinhos voltam. Eu sei que é boa vontade e muita criatividade para plantar ervas daninhas num vaso.

Cheguei em casa tarde, a TV (a nova, de 42 polegadas) estava no SBT e a caixa de bombom que eu ganhei do Hector sumiu. S-U-M-I-U, junto com os bombons Lindt que eu ganhei da minha prima. Ainda bem que dos Lindt devem ter sido só 1 ou 2 porque eu mesquinhamente não ofereci nem para o Hector e os sensacionais sticks de licor não apeteceram.

É uma babaquice minha, mas eu realmente fiquei muito P da vida quando cheguei em casa, minha TV estava no SBT e os Lindt tinham sumido. Fico verde-azul-amarela de pensar que alguém estava no meu sofá, na minha TV presente de Natal, comendo os Lindt que minha prima deve ter carregado na mão prá não amassar. Eu sei que ela daria os Lindt pela empregada que não existe fora do Brasil, mas no Brasil não existe aquela embalagem da Lindt com os bombons bola de 5 sabores!!!! É fim do ano, estou estressada e mereço comer meus bombons Lindt com o Hector.

Amanhã, véspera da véspera de Natal, vou fazer o que faço todo ano. Um presente para ela, um para a devoradora de Lindt, e mais uns regalinhos para a ceia de Natal. Apesar de toda minha irritação, sou grata por tudo que ela faz por nós. Um dia eu também vou ter crianças que metem as mãos nas paredes, mas serão as minhas paredes e as minhas mãozinhas, e tenho certeza que vão ser mãozinhas de Lindt só prá eu largar mão de ser babaca.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A festa da firma

Eu não sou de negar festa, mas confesso que não estava na maior das animações para ir na festa da firrrrrma. Depois de um ano prá lá de difícil, confraternizar com gente que eu mal conheço não parecia boa idéia.

Dou o braço a torcer: a festa foi o máximo. O tema era anos 80 - 20 anos e quase vinte quilos atrás. Descolei do fundo do baú uma blusa rosa choque que fazia um laço no quadril, ombreiras e meu All Star velho de guerra. Aquele tênis pode contar uma parte da história da minha vida.

Logo na entrada, o Bozo ao vivo e à cores. O palhaço tava bem doido e começou com um papo nada a ver. Vou brincar com ele com a velha piadinha: "que horas são?" e o palhaço deveria responder "cinco e sessenta". Com umas biritas na cabeça o Bozo esqueceu.

Não pude acreditar no garçom com uma bandeja de Keep Cooler. Olhei a graduação alcóolica e me dou conta que é maior do que uma cerveja. De onde sairam as garrafinhas???? Havia vitrines com brinquedos como o Atari, Genius e o Cubo Mágico.

Eu não conhecia pelo menos 1/3 do povo da festa. Olho umas meninas imitando a Xuxa e as Paquitas no palco. Tem que ter coragem para vestir aquele shortinho de Paquita. Começa a cantar a música do Balão Mágico e a Simoni em pessoa e passadinha era quem estava cantando. De pop star a show de festa de fim de ano de firma, lá estava a Simoni com o Ursinho Pimpão e um Jairzinho Cover.

Esta foi uma década cheia de eventos: criança, adoslecente e entrei na faculdade. Uma amiga bem original foi com uma camiseta escrito "Diretas Já!". Me acabei no show do Menudo e pouco tempo depois namorava um punk (que virou mocinho) e ia no show do Ramones (que me rendeu uns cascudos por ir escondido).

Eu pirei mesmo quando o Roger do Ultrage a Rigor subiu no palco. Que máximo! Roger descreveu bem quem foram os jovens da década de 80 com a música "A gente somos inutel". A galera foi ao delirio com hits como "Mariloo", "Nós vamos invadir sua praia" e "A gente gosta é de mulher". Me acabei dançando aquela dança estranha e desengonçada. Hoje acordei com dores pelo corpo todo depois de ter usado os músculos que estavam parados há vinte anos!

Eu tinha, uma galinha, que se chamava Mariloo....
Não se reprima! Não se reprima!
Chorando se foi quem um dia só me fez chorar...

E com Menudo, Heavy Metal, Lambada e Keep Cooler a noite passou voando.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

I´m Back!

Sábado à noite, corrida noturna da Reebok. Me deu um certo frio na barriga, porque na corrida do ano passado eu estourei o meu tendão. Além disso eu fui sozinha para a USP porque o Hector foi no aniversário da filha de um amigo.

Estava bem bonito, iluminado, som bacana e com os coloridos do Natal, mas no ano passado estava mais animado e tinha bem mais gente. Pela primeira vez corri num evento menor. Por menor leia-se umas 3 mil pessoas. A prova da Nike reúne umas 10 mil e a São Silvestre quase 20 mil.

Numa corrida que deve terminar em 1 hora, a largada atrasou mais de 20 minutos. Coisa de mauricinhos e marketeiros. Eles não controlam o dimer do sol. A corrida tem que ser noturna ora, então vamos esperar até ficar escuro para começar. Já fui marketeira durante mais da metade da minha carreira e até entendo. Só no escuro é que os efeitos visuais ficam legais. Um cara esquiou no céu, num rastro de estrelinhas. Depois o balão da Reebok acendeu e foi dada a largada. Mas enquanto tudo isso não acontecia a moçada ficava lá na maior azaração procurando lugar na largada, de preferência onde a população fosse mais maneira. Tô eu lá de novo observando o que as pessoas fazem para disfarçar minha ansiedade.

Logo no início um trio elétrico jogava espuminha para parecer neve. Tinha também um corredor com uma galera vestida de Papai Noel. Uma moça esquece da prova e fica lá embaixo da espuma dançando. A proposta da prova era de mais diversão que performance. Na prova anterior o negócio era mais sério, veio gente de fora para participar e valia pontos de classificação no circuito internacional. Eu é que sou muito cabeçuda e levo tudo a sério demais. Ver os quenianos voltando quando ainda não cheguei nem na metade dá o maior desânimo, mas dá um putz de um orgulho de estar junto com eles.

O primeiro km de qualquer prova já mostra mais ou menos o que vai acontecer. O que doer, vai doer mais. O que pinica ou aperta vão infernizar a corrida toda e assim por diante. Naquele dia, apesar de ser início de dezembro, o frio foi aumentando. O que pegou mesmo foi o medão de ficar para trás ali no meio da USP. Estava bem iluminado e com bastante gente de apoio. Enquanto eu podia esticar o pescoço e ver o primeiro pelotão tudo bem. Depois do meio da prova comecei a abrir distância e prestar cada vez mais atenção em quem estava em volta. Pode parecer incrível, mas mesmo com 3 mil pessoas deu para sentir a sensação de deserto.

Estou quase em forma de novo. Adradeci a chatice da musculação e também fiz um agradecimento coletivo aos personagens do Ecossistema que me ajudam a cumprir a rotina. Desta vez não me arrebentei e terminei super bem. Claro que cansei prá burro e lembrei do que um professor do MBA disse no primeiro dia de aula. Ele passou um aperto num mergulho e nos deu a lição de que na hora da crise o melhor é recorrer a uma boa teoria. Barriga prá dentro, ombro alinhado, pisa firme, cabeça prá frente, olha a frequência, e isso, e aquilo. "E sorria! Isso aqui é diversão! Vocês não estão carregando pedra!", disse um cara da organização. Olho pro lado e caio na risada junto com uma outra corredora que devia estar sentindo o mesmo que eu. Já eram 9 horas e a Flora devia estar matando alguém na novela.

Ao passar pelo tapete vermelho da chegada e escutar meu nome fiquei imensamente feliz por estar de volta. Mas logo reflito que há pouco mais de 1 mês eu passei por um dos momentos mais difíceis da minha vida. A vida me recebeu de volta com tapete vermelho e estou pronta para a próxima!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O Ecossistema 2

É verdade: segunda feira é o dia mais bombado na academia. Na terça o movimento deve ser pelo menos uns 30% menor. Acho incrível este insconsciente coletivo de abusar no final de semana e expurgar os pecados da gula e da preguiça na segunda.

A segunda desta vez foi das morenas. Na fazenda de esteiras, no lugar da Loira 1 tamanho 38 tinha uma morena e ao lado um fortinho. E eu lá seguindo a risca a planilha de treino olhando os 2 com aquele passinho de shopping. Como diz minha amiga She, "tá pensando que veio para este mundo a passeio"? Eu morro de rir quando ela diz isso. Quem está a passeio na academia bem na hora do rush deveria levar multa.

A ruiva não malha mesmo, só fica fazendo hora. Sobe no skywalker e quando ameaça suar pula fora com a pochetinha direto para o banheiro para alisar a franjinha. Daí uma sujeita começa a contar para a ruiva que naquela manhã o marido tinha dado a notícia de que fora demitido. A doida solta que não está nem aí, que bem feito, que o cara era um lerdo mesmo e blá blá blá. Pode? Quem é que pode sentir satisfação numa coisa destas?

Por fim, estou lá esticando as canelas e o Loiro Jesus aparece bem ao meu lado. Deve ser um sinal! Estou morrendo de tédio e bufando em um exercício chatérrimo quando vejo uma versão miniatura do Patrick Swayze. Só faltava ele sair rodopiando ao som de Time of my life pelo salão (remember here!). E aí comecei a pensar com que fantasia vou na festa anos 80 da firrrrrrma....

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O ecossistema

Gosto de observar as pessoas, ver o que elas fazem, como fazem, como se comportam e o que falam. Não sou fofoqueira, mas de vez em quando eu estou perto das pessoas e elas contam novelas inteiras, como o dia seguinte de um encontro ou os desaforos da sogra. Praia e academia são "ecossistemas" onde ou pratico este "hobby". Nos meus dias de marketeira era quase um vício. Um dia um desavisado da empresa B (concorrente da que eu trabalho) abriu uma apresentação na minha frente.

Por algum motivo cósmico-metafísico segunda feira é o dia mais cheio na academia de ginástica. Seja porque as pessoas estao mais descansadas, com culpa da comilança ou a famosa frase "segunda eu começo", fato é que a academia bomba na segunda.

E também é fato que entre as 10 coisas mais chatas do mundo está a musculação. Para mim está no topo da lista. É MUITO chato!!!! O pior é saber que não tem como escapar. Eu pelo menos não tenho. Além da genética de tanajura, é uma questão de saúde cuidar da minha coluna que sempre me encheu o saco. De fato, estou há quase 1 ano fazendo e melhorei muito. Vale a pena o sacrifício (e para mim é muito!!!).

Então nesta segunda lá estava eu suando a camisa e todas as partes do corpo. Naquela chatice, começo a observar o que as pessoas estão fazendo e falando.

Loira tipo 1
Naquela fileira imensa de esteira a loura tipo 1 está andando como se estivesse passeando no shopping. Magrelinha tamanho 38, o reflexo perfeito num tufo de cabelo puxado prá tras com uma fivelinha. A loira tipo 1 anda na esteira, nem um fio sai do lugar e nem uma gota de suor escorre. E ela olha prá lá e prá cá, filmando a galera.... Ao lado, uma moça mais robusta, de camiseta de propaganda, bufa descabelada se preparando para o projeto verão sem burca. Eu também estava bufando na esteira de olho na quilometragem e no tempo, suando em bicas e com o iPod no último volume. A robusta descabelada poderia ser eu. Mas como tomei gosto pela coisa, se é para suar e descabelar, pelo menos que seja com alguma classe. Não economizo para compar roupa esportiva (não acredito que eu escrevi isso!).

Loira tipo 2
A loira tipo 2 é um mulherão de quase 1,80m, reflexo displicente, malhando como uma escrava. É assustadora. Ai de mim se ela me dá uma canelada! Ela pendura quase 10 kilos EM CADA canela para empurrar um aparellho regulado com mais um elefefante. E tá lá levantando 100 kg como se estivesse carregando a sacola do supermercado. Uma estivadora de academia, mas com uma força de vontade incrível. Termina a malhação, joga tudo na sacola e se manda para o próximo round. O filho já tá perguntando o que tem para jantar e felizmente a academia fica em cima de um supermercado.

Loiro tipo sei lá
Estou lá na seção que eu mais detesto, que é a dos halteres. E tem um loiro que está entre Axel Rose e Jesus Cristo de filme europeu. A primeira coisa que penso é que o reflexo dele está impecável e logo em seguida de pensar nessa de que ele parece Jesus malhando, milésimos de segundo depois o cara vira e tem uma tatoo de Jesus no braço. Me dá um ataque de riso e quase que o halteres cai na minha cabeça.

A ruiva limpinha
E tem uma ruiva, que deve estar beirando os 50. Tá bem, viu. Uma coisa boa desta academia é que não tem molecada e o pessoal já está nos "enta" (quarENTA, cinquENTA, etc..), bem saudável, bonito e inspirador. A ruiva vai lá mais para fazer a social. Não desgruda do celular e anda de pochete a tiracolo (?). Sempre vejo a ruiva falando e rindo, mas nunca malhando. Na segunda feira estava lá no vestiário com a famosa pochete, de roupa de ginástica limpinha, barriguinha de fora (sarada, parabéns pra ela), retocando a chapinha da franja no espelho. Malhar sim, desmanchar a chapinha com suor ou humidade jamais!

A Japa
A Japa chega com outra amiga japa, visivelmente cansada depois de um dia de trabalho, se joga no banco e diz desanimada para a amiga: "Preciso mesmo malhar?". Não aguentei. Nessas horas minha boca tem vida própria: "pergunta para o seu biquini".
"Você me convenceu", disse ela.

E ontem foi o "Dia de Resultados". Ôba, tive resultados! Não foi exatamente o que eu queria, mas fiquei contente. Retomei minha rotina de treinos para encarar a São Silvestre. Sem o raio da musculação não tem perna e articulações que aguentem. Resultado: aumentei perna e, apesar de ficar lá puxando os halteres junto com o Loiro Jesus e a Loira 2, enxuguei a parte de cima! Putz, desse jeito vou virar um Chester !

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Bota prá correr!


Domingo 5:30 da matina o despertador toca e eu rezo para que continue chovendo. Não estava!!! Ai que preguiça!!!! Chegou o dia da prova de 10 Km da Samsung.


Acho que só fui acordar direito na hora que o trio elétrico começou com aquela zoada para esquentar a moçada. Fora o frio e a lama. Olhei no relógio de rua e marcava 14 graus.


Não foi meu melhor desempenho. Os últimos 10 Km que eu corri foi na prova da Nike em agosto. Depois saí de férias, fiquei grávida, "desfiquei" e voltei a treinar há 2 semanas. Já estava inscrita antes e se não fosse ia me dar uma dor de consciência danada. Sem falar em um ou outro bombonzinho e aquele pensamento sacaninha: "ah, não faz mal, tô treinando, né?".
Dizem que o corpo tem memória mas o meu esqueceu!!!!! Nas últimas 2 fiquei como hamster na esteira e lógico que encarar a 23 de maio no frio ia ser pesado.


Quando estava no início da prova, descendo (amém) a República do Líbano, os quenianos já estavam voltando. Nem olhei prá não desanimar. Na minha frente tinha um doido correndo com um cocker. Isso se faz com cachorro???? Já vi gente que inscreve o cachorro na prova e o bicho tem até ranking!


E a crise já chegou no esporte, infelizmente. O kit da prova foi pobrinho e os prêmios para uma prova que contou com atletas estrangeiros não chegaram a R$30 mil. Com a crise as empresas cortam os patrocínios e os eventos se empobrecem. O patrocinador do time da minha irmã deu o cano e agora eles estão na batalha por um novo patrocínio.


Ah, e a novidade sem precedentes na minha "carreira" esportiva. Deixei um post no concurso da Nike e eles publicaram minha história! Está lá na página 5.




Em 2 semanas vou correr uma prova "balada" noturna. Já participei de uma e foi muito legal. Tem DJ, iluminação e uma galera fosforecente. Espero que esteja em melhor forma e que o corpinho "lembre" que não é prá dar me deixar na mão. Bota prá correr! Falta quase 1 mês para a São Silvestre!


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Perdas e Ganhos

É incrível como a nossa vida é frágil e não temos controle nenhum sobre ela.
Nestas últimas semanas descobri que nascer já é uma maratona. Não é clichê. Toda pessoa que nasce já nasce vencedor. Não contei aqui no blog, mas estava grávida e perdi o bebê com 9 semanas.

Além de perder o bebê descobri que estava numa situação de muito risco, não muito comum. Claro, se fosse comum não era comigo. No primeiro ultrasom descobri que a gravidez era na trompa. Gravidez nos primeiros 3 meses é loteria, mas gravidez tubária é menos comum. Poderia ter tido uma hemorragia a qualquer momento porque em geral este tipo de gravidez não vai tão longe.

Olhei a tela do ultrasom e não vi nada. A ficha caiu na hora e médico não precisou dar mais explicações. Na mesma tarde eu já estava no centro cirúrgico para retirada da trompa e interrupção da gravidez.

O mais louco é que eu não tive sintoma nenhum, nenhuma dor, nada. Todo este tempo eu só tinha enjoo e muita insônia. Na véspera eu estava na academia fazendo aula de bicicleta. É muito maluco você saber que está numa situação de risco sem sentir porra nenhuma. Mas o mais maluco de tudo, foi que eu comecei a ter sangramento DENTRO do centro cirurgico! Ás 6 da tarde de quinta feira em geral estou trabalhando ou na estrada voltando para casa. Se tivesse acontecido num dia normal, provavelmente teria ido parar no PS de Polvilho. Ainda tive tempo de pedir para o médico fazer os cortezinhos da laparoscopia abaixo da linha do biquini. Uma babaquice, mas já que estava lá...não custava nada pedir. Ah, e pra por favor não zoar o meu umbigo, que é lindo.

Muitas mulheres perdem seus bebês antes dos 3 meses de gestação, mas as pessoas não falam muito sobre isso. Depois que tudo passou, muita gente me contou muitas histórias bem tristes. E felizmente escapei de algo muito ruim, que alguns chamam de sorte, mas eu chamo de milagre.

Há controvérsias quanto a contar sobre a gravidez antes dos 3 meses. Eu estava tão feliz e tinha tanta gente torcendo por este bebê que eu contei. Até nos livros sobre gravidez aconselham a não falar antes dos 3 meses. Não concordo muito e depende de cada um. Sou uma pessoa muito querida e amada. Tanta energia boa e torcida por nós pode ter me salvado de uma situação pior e vai ser uma forcinha no futuro.

Deus está no comando e acima de tudo. Outras coisas aconteceram no meio disso tudo. A empresa passou por reestruturação, fiquei morrendo de medo de perder o emprego, cheia de angústia e de temores numa época em que tudo ficou mais difícil. No final deu tudo certo e eu tive a felicidade de continuar trabalhando no que eu queria. Foram sequencias de fatos de novela. A estrutura nova da empresa fechou na quarta e eu perdi o bebe na quinta. Tinha toda a questao legal por tras, e só não mudei de área porque estava grávida. No dia seguinte já não estava mais! Mas as coisas se acomodaram e tudo deu certo.

Hoje faz 15 dias que tudo aconteceu. Salvo uma fisgadinha no umbigo de vez em quando, quase não lembro do que houve. A única lembrança ruim foi o choro de tristeza do meu marido no telefone quando eu contei o que estava acontecendo. Isso feriu meu coração e o dele. Já voltei 100% ao trabalho e às minhas atividades normais. Ele também. E estamos cheios de esperança para tentar de novo.

Não temos controle nenhum sobre as variáveis da nossa vida. Só temos que ter muita fé em Deus e entregar nossas vidas em suas mãos. E acreditar que Ele é quem tem o plano perfeito para cada um de nós.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

90 dias

Tá decidido: vou correr a São Silvestre neste ano também.
Tenho exatamente 90 dias para me por na melhor forma do mundo!

Desde que voltei de férias não pisei na pista 1 dia. Ontem choveu cântaros, não dormi e estava mal disposta. Mas só de olhar o site da prova já me deu um saricutico.

A prova é meio zoneada e fiquei meio decepcionada. Mas o que me atrai é o desafio de fazer os 15 Km melhor do que no ano passado. Estou mais leve e mais rápida, mais esperta e mais forte também. Só não disputo se o baby vier primeiro. E depois eu penso na funilaria que tenho que fazer no quadril. Até lá nada vai mudar, mas não disputar a prova e não ter uma meta para fechar 2008 me faz mal.

By the way, consegui a proeza de não engordar nem 1 quilinho em Portugal. Andamos tanto prá cima e prá baixo que apesar de tanto vinho e tanta comilança voltei igualita. Faz 1 ano que não sou mais uma baleia estressada. Dormir ainda é luxo, mas a dra M dá um jeito nisso.

Agora é parar de preguiça e encarar treino todo dia. E de brinde não vou precisar entrar no Projeto Verão sem Canga!

Sonhos realizados

Ontem foi um dia especial apesar do meu mal humor. Foi inaugurado ontem o primeiro projeto filho da incubadora de inovações, que é um dos meus trabalhos. Envolveu um número incrível de pessoas e contou com muita paixão e dedicação. Até o presidente da empresa veio cortar a fita!

Trabalhamos num lugar gigante e cercado de verde. A proposta do grupo foi que para se locomover no site as pessoas usassem bicicletas. Pareceia simples, mas deu um trabalhão. Ontem 20 bicicletas passearam prá cima e para baixo. Havia também uma exposição de magrelas antigas cedida pela Caloi. Foi um sonho realizado! A gestação de projetos de inovação é longa e parece uma corrida de obstáculos.

Hoje de manhã 3 capacetes sumiram. Dá tristeza e vergonha que isso aconteça. Não só porque pode frustar a iniciativa, mas por saber que por causa de um par de gente espírito de porco e de alma podre algo tão bacana vá pelos ares. O RH é todo cheio de dedos com estes assuntos. Não falar nada é dar o sinal de que está tudo certo em bafar os capacetes e até as bicicletas.

Dei umas pedaladas ontem e hoje... é muito gostoso e dá uma pausa na doideira. Ver as bicicletas subindo e descendo, e o pessoal curtindo dá uma alegria imensa e o sinal que idéias simples podem fazer um ambiente melhor e mais gostoso.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Fado de Doutor e Fado Futrica

Uma das cidades que eu mais curti foi Coimbra. Está no centro de Portugal, por ela passa o grande Rio Mondego, que passa pequenino na terra do meu pai, mistura tradição e a alegria dos estudantes da famosa Universidade de Coimbra. Também tem um lindo parque infantil, Portugal dos Pequenitos, com uma cidade em miniatura e a réplica dos castelos, mosteiros e palácios mais famosos de Portugal. Deixei umas lágrimas por lá como boa portuguesa, com certeza. Eu visitei aquele parque quando tinha 4 anos e esta é uma das mais nítidas memórias de infância que eu tenho. Voltar lá foi emocionante.

Coimbra foi uma cidade amuralhada. Várias partes da muralha viraram paredes de outras construções. Haja pernas para subir e descers as escadinhas e becos de Coimbra!!!! A cidade é meio caótica, mas é um charme.

Um dos pontos de interesse da cidade é visitar a Torre Almedina. Lá tem uma explicação muito legal e toda high tech do que foi Coimbra. Debaixo dos arcos da torre há umas lojinhas bem legais. Parei em uma para comprar as famosas e lindas (e caras) cerâmicas. Em outra parei para comprar livros, postais e presentes. Era uma lojinha muito pequena e o dono uma simpatia. Ficamos um bom tempo conversando com ele e saímos com dicas preciosas de um retaurante e 2 opções para escutar fado.

O fado é de Lisboa, mas também se canta em Coimbra. O dono da loja nos indicou um lugar novo onde tocava "fado de doutor" e um botequim onde tocava "fado futrica" , o equivalente a uma rodinha de samba ou barzinho de MPB. "Vocês têm que visitar os dois", disse ele.

O jantar no lugar indicado foi um espetáculo. O Dono tem 81 anos e atende pessoalmente os clientes com uma energia e simpatia incrível. Depois fomos ao Capella, o lugar indicado para o fado doutor. Em Coimbra canta-se fado de preto, por respeito. O tal do doutor em questão é um cara que comprou uma capela e lá dentro montou sua casa de fado onde a atração principal é ele mesmo e seus convidados. Adorei a idéia de comprar uma capela para promover os shows dele mesmo. Tem até DVD e CD's para comprar! Não era lá um grande fadista, a bebida era caríssima, mas valeu à pena. Conhecemos o cara na saída, uma simpatia como não poderia deixar de ser.

Do Capella partimos para o Deligência, um boteco underground onde os estudantes improvisavam o fado, chamado de futrica ou vadio. LOTADO. Sentamos na mesa de um casal desconhecido, nos 2 últimos banquinhos do bar. O lugar era pequeno e muito enfumaçado. Mas na hora de cantar, psiiiiiiiiiiiiuuuuuuuuuuuuu, que fado é coisa sagrada. Todo mundo em silêncio para escutar.

Havia 2 mesas de gente que cantava e tocava. Os estudantes se enrrolavam en volta das pequenas mesas como um caracol. Fumando muito e tomando muita vodca, surge a Pequena Amália. Uma menina franzina de uns 20 anos, muito linda, que abria a boca e soltava um vozeirão. Por vezes esquecia as letras no meio e morria de rir, mas não importava. A Pequena Amália foi a voz feminina mais linda que escutamos em Portugal. Acompanhado a moça uns 5 caras, velhos e novos, tocando guitarra e violão.

Outras estrelas foram os guitarristas mais jovens. Um rapaz careca, de piercing na boca e correntes nas calças encheu meus olhos de lágrimas quando cantou "Sozinho". Pena que lá em Portugal eles tentam imitar o sotaque brasileiro, quando o mais bonito é escutar nossas canções naquele sotaque enrrolado. Da voz de um outro fadista cabeludo escutamos um dos meus fados preferidos, eternizado na voz de Carlos do Carmo: Meu amor, Meu amor. A letra é linda e o rapaz mandou bem na voz e no violão.

Depois de umas cervejas e muitas canções depois, terminamos a experiência de fados em Coimbra. No caminho de volta para o hotel ainda cruzamos com 2 grupinhos de estudantes cantando nas escadas de Coimbra, algo muito comum. No final da viagem elegemos o Diligência e a Pequena Amália como um dos melhores momentos da viagem. Eu daria tudo para ser aquela moça por apenas 1 noite.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Voltei !!! Mas antes de ir...trancos e barrancos II

As férias foram ótimas, valeu cada segundo. Pena que acaba....

Rodamos 2 mil km por Portugal entre vinhas, olivais, estradas fantásticas, muito bacalhau, vinho, pastéis de nata e a simpatia dos portugueses. Já tenho saudades de ter como maior preocupação não repetir uma receita de bacalhau ou um vinho.


Mas antes de ver o sol brilhando sobre as parreiras carregadas do Rio Douro, a sessão trancos e barrancos continuou além mar.


Um conselho: se puder, NAO VIAJE DE TAP. "Tamancos Aéreos Portugues" ou "Tratado A Patadas", como preferir. Não precisa pensar muito: a TAP é do governo e tem monopólio.

Nossos vôos de ida e de volta atrasaram 1 hora e meia. Nos 2 casos, o atraso se deveu a "missing passangers". Quando alguém não embarca acontece o quê? Atrasa tudo porque têm que procurar a bagagem do fulano(a) e tirar do avião. E você, que já vai ficar lá dentro por mais de 9 horas de vôo, fica mais 1 ou 2, esperando a missing fucking person aparecer ou a bagagem ser expulsa. Mas é muito estranho que isso tenha acontecido 2 vezes.


O detalhe é que, no vôo de ida, uma família inteira que foi dada como missing passanger estava DENTRO do avião!!!!! Fizeram uma quizumba tremenda antes da decolagem. Na chegada à Lisboa, a família, que era de espanhois, se recusava a sair do avião. E a gente dentro daquele ônibus de transporte suando frio porque só faltavam 40 minutos para passar na imigração e pegar outro vôo em outro terminal.


Discute prá lá, discute prá cá. Os portugas não se entendiam com os gallegos e vice versa. Não queriam embarcar no ônibus e sair da pista!!!! O problema todo é que a bagagem deles ficou no Brasil por conta da confusão de missing passenger. Lá pelas tantas o povo começa a se exaltar dentro do ônibus. 1) Não se dicute na pista do aeroporto 2) Que despachassem os passageiros do ônibus lotado e depois levassem a família. Um grandalhão desceu e ameaçou dar porrada. Passa mais um tempo Hector se encheu, começou uma frase simpática com " ...arajo" e em bom espanhol convenceu aquela gente que nada se resolveria na pista e sim no terminal. Pareceu fazer sentido para lusitanos e gallegos.


Chegando no terminal, escutamos a chamada para nossa conexão. Pedimos ajuda a um funcioário do aeroporto para não perder o vôo. Ele diz que vamos ter que correr. Não tem problema, a gente corre!!!! Entramos na fila destinada à tripulação conforme indicado. Uma família de brasileiros deixa a gente passar na frente. O cara da imigração com os 2 passaportes na mão, o carimbo a 2 centímetros da folha... o cara olha prá gente e fala: "Peraí, vocês não estavam na fila". Explicamos o que houve, ele joga os passaportes de volta e diz que TODA aquela fila estava perdendo o vôo e que a gente deveria voltar para o fundão. Pataquepariou do portuga!!!! Quem estava na fila já tinha perdido o vôo e só nós tínhamos a chance de pegar o nosso!!!! Mas de certa forma ele estava certo. A gente é que quer dar jeitinho em tudo.


Voltamos pro fundão, amaldiçoamos o portuga, respiramos fundo para não embarcar no vôo de volta para Sampa com alguma malcriação. Passamos finalmente. Olhei o painel e o gate ainda estava aberto para embarque. Saí no maior pinote pelo aeroporto, o Hector esbaforido atrás, com as calças caindo porque fizeram ele tirar o cinto. Chego no portão e a porta do avião tinha acabado de fechar. Arghhhhhhhhhhhh


Paciência, fazer o que??? Lisboa-Porto é como a ponte aéra Rio-São Paulo. O próximo vôo era dali a 40 minutos. Tinha um cara na nossa frente fazendo o maior escândalo porque perdeu o vôo. Mas já tinha perdido!!! E tinha uma sujeita no balcão sem fazer nada que disse que a gente tinha que esperar nossa vez. Afinal, todo mundo que estava ali queria pegar o próximo vôo também, mas cada um na sua vez. Resumo da ópera, ops, do fado, os 3 próximos vôos estavam lotados e só viajaríamos às 4:30 da tarde. Eram 10 da manhãããã.

Vamos lá fazer o pré check in pra nos livrarmos desse perrengue, a mulher fecha o check-in na nossa vez, sendo que não tinha ninguém atrás. Outra fila, fazemos finalmente o novo chek in e nos certificamos de que a bagagem ia com a gente. A moça, dessa fez muito amável, disse que a Tap tem um sistema muito moderno de código de barras, e que as bagagens só vão para o avião quando o número do check in é confirmado. Ok então.


Demos um rolezão no Parque Vasco da Gama, super legal. Foi construído para a Expo 98 e é um espetáculo. Voltamos para o aeroporto, nova fila de embarque, não sem antes perguntar o que seriam das bagagens. A patrícia confirma sobre o sistema super high tech do código de barras.


Chegando ao destino, nada de bagagem. Ai Ai Ai. Já tive bagagem perdida em Orlando, que veio no último vôo. Foi o que pensei. Dado o aviso do extravio o super sistema de código de barras ia ser acionado e até o último vôo a bagagem apareceria. Não apareceu. Tive um xilique. De calcinha usada, lentes grudando nos olhos e cabelo zoado não há humor que supere. Felizmente saímos do Brasil com seguro de viagem, e na manhã seguinte as malas apareceram. Pelo pessoal do seguro, não pela TAP.

Naquela primeira noite saímos para comprar calcinhas, cuecas, camisetas e o básico de uso pessoal. Uma loja mais linda que a outra. Saímos para jantar já bem tarde e quando contamos ao dono do restaurante ele reagiu com a maior naturalidade. Aliás, ninguém se espanta com isso. A especialidade da TAP é perder bagagens e passageiros. Teve gente que demorou 3 meses para receber a bagagem de volta.

Depois desse perrengue resolvido, foi tudo uma maravilha. A pena é que perdemos 1 dia no Porto, que é uma cidade muito legal. O clima estava maravilhoso, pegamos o início da colheita das uvas e visitamos muitos lugares lindos. O sol só ia dormir depois das 8 da noite, então dava para passear até cansar.

Tenho um monte de histórias, coisas legais para contar e mais de 1 giga de fotografias!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Aos trancos e barrancos

A partir de amanhã este blog estará de F-É-R-I-A-S !!!!!
Este dia é tão sonhado que vou esperar por ele acordada. Até porque tenho um monte de coisas que fazer ainda e a ansiedade é muita.

É a primeira vez que eu e Hector saímos por aí de carro. Planejamos a viagem toda, book de rotas, GPS, músicas no iPod, tempo, pressão e temperatura. Mas sem compromisso. A gente está precisando ficar um pouco sem compromissos e só nos comprometermos a ser felizes, namorar muito, comer queijo e tomar vinho. Just it.

Mas para chegar hoje a semana foi uma das mais compridas da minha vida.
Aconteceu de tudo!!!! Ontem foi o dia mais punk de todos.

Tinha 2 apresentações marcadas em um dos sites da firrrrrrrrrrrrma. Tomei o maior balão no primeiro e um colega me viu de orelha baixa. "Vou lotar essa sala para você" . Uma prática que o novo Vice adotou para facilitar a comunicação foi trazer um caxote e um megafone. Meu colega entra na sala meio trêmulo e diz que "a galera tá vindo aí". O doido subiu no caixote, pegou o megafone e anunciou a palestra prá todo mundo ouvir. A sala encheu mesmo!!!! Fico devendo um barril de chope para ele.

Zum zum zum, falo com uns 3 ou 4 para alinhavar umas coisas, e parto para o outro site, do outro lado do Rodoanel. Tinha uma reunião com o Vice dono do Megafone. Um daqueles momentos hora da verdade.

Ai que azar!!!!! A estrada parada e a desgraça do atraso se anunciando, depois que eu dei a maior sorte do Vice abrir um espaço na agenda dele. A secretária dele me liga dizendo que ele vai atrasar. Putz, que sorte. 5 minutos depois encontro o motivo do engarrafamento: recapeamento da pista. Lá está um carinha com uma bandeirinha na mão: passa um, passa outro. Entro na minha vez e o cara do caminhão que vinha atrás resolve ser fuinha e acelerar. Pronto, a m.... tá feita!!! O cara bate no meu carro NOVO, que ia para a primeira revisão. Vendo que o cara ia continuar acelerando aquele monstro joguei o carro para a direita de novo, em cima dos cones laranjas. Ai Ai Ai

Aí vem aquela m..... de quem bate o carro. O cara embaçando para dar seus dados, apavorado porque o caminhão não é dele, os ponteiros do relógio voando. "Tenho uma reunião em 30 minutos!!!!!!" Muito bate boca, até o cara me dar os dados e falar: "A senhora tem que se acalmar! A senhora tem uma reunião! A senhora ainda tem que dirigir! ". Confessou que não me viu lá de cima e que o dono do caminhão tem seguro. Isso porque ele alegava que EU tinha jogado o carro no caminhão dele. Como é que eu fiz a proeza de jogar me carro em cima dele só um replay de olimpíada chinesa para dizer. Claro que não!!!!!

Consigo chegar na hora, arrumo a cara empoeirada da estrada, espano meu terninho imaculadamente branco saído do plástico da lavanderia (odeio terninhos, mas era reunião com o Vice). Rola a reunião, tudo certo, 500 pendências para resolver.

2 dias antes, tinha que preparar a apresentação para o Vice. Uma maratona. Fiz a apresentação no salão de beleza com um mocinho tacando tinta no meu cabelo. A tinta demora 40 minutos para pegar, tempo suficiente para reorganizar meia duzia de slides. E salão moderno tem internet para as clientes. Depois de lavar a cabeça consigo enviar o arquivo para meu chefe que estava na Colômbia. Viva a tecnologia!

E para coroar a semana olímpica, antes de passar na casa dos meus pais para me depedir passo num posto policial para fazer o BO. Quase chegando em casa, minha secretária me liga com um recadinho surreal também. O policial rodoviário que estava fazendo o BO do caminhoneiro queria que eu levasse o carro lá HOJE para ele ver as avarias e saber minha versão da história. Ah tenha dó!!! E ainda descubro que o BO que eu fiz não vale nada porque a batida foi numa estrada federal. Quase 6 da tarde e levar o carro na hora do rush de 6a feira para fazer BO???? Pataquéparioul!!!! Vai esperar eu voltar. Não muda nada se fosse hoje ou daqui há 15 dias.

No final tudo dá certo. Mas o final de hoje tá demorando.....Enquanto isso, carrego meu iPod com os CD's de meditação do Dr W. Tenho mais de 12 horas para ouvir tudo até chegar com outra vibração do outro lado do mundo.

Bye! Até breve!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Encontrando medalhas olímpicas




Corri a Nike Human Race 10 Km no domingo passado. E olha quem eu encontro logo na chegada da USP! Ela mesma! A Maurren Maggi, medalha olímpica no salto. Ela é maravilhosa, super simpática. Até brinquei com ela: você veio dar uns pulinhos ou correr 10 Km? Veio prestigiar o evento. Mas foi muito legal encontrá-la logo na entrada.


Fiz uma boa prova apesar do quadril bichado. Diminuí o tempo de prova, cheguei mais inteira e curti mais o percurso. Me atrevo a dizer que não fui melhor porque tinha muita gente, e em certos trechos parecia uma corrida de obstáculos.

Na mesma semana encontro o Gustavo Borges na Natura dando uma palestra sobre motivação. Na verdade não tinha nada de motivação, mas do quanto você tem que trabalhar e ser determinado para alcançar um objetivo. Falou muito sobre concentração, planejamento e humildade. Disse que quando a gente se propõe a fazer alguma coisa, o mínimo que temos que fazer é máximo.

Achei incrível a precisão de detalhes que ele narra. Numa prova de 100 metros ele sabe narrar cada braçada, quem estava em cada raia, as marolas, o antes e depois das provas. Achei legal que ele contou que quando sobe no bloco antes da largada não pensa em nada, porque quando voce chega ali já pensou em tudo o que deveria, treinou, estudou a estratégia, conhece seus adversários. Deve ser por isso que o Felps entrava na piscina de iPod. Nada pode te tirar a concentração. Foi uma palestra muito legal e eu adorei ter assitido. Determinação, disciplina, auto-estima. Se não acreditar até o ultimo segundo que é capaz nem comece! Sorte só acontece quando voce está preparado para receber. O sucesso não acontece por acaso.

Disse também que um dos maiores motivos de fracasso dos atletas é o emocional e a falta de concentração. Numa olimpíada tudo distrai o atleta, até mesmo cruzar com seus ídolos e se tocar em 1 segundo que vai competir com eles, o que é uma honra. Tambem falou em como a rotina é massacrante e sobre como suportar a pressão. Se voce não tiver muita confiança de que é capaz, mentalizar seu sonho, ter paixão... não sai do lugar.

Domingo no almoço de domingo fui massacrada por criticar o Diego Hipólito. Eu morri de dó dele, mas um erro como aquele foi muita falta de sorte e de concentração. Também acho que ele entrou se achando. Com as meninas foi um desastre completo, com aquele tecnico estúpido.

Como já disse não sou atleta profissional e estou bem longe de ser. Mas eu tenho a sorte de topar
com eles por aí. Numa semana encontrar 2 é muita sorte! O que vale é a mensagem e o exemplo que eles passam. Neste domingo eu corri 10 Km e depois fiquei me perguntando como é que eu consgui fazer a São Silvestre. Putz, seriam mais 5 km de onde eu parei! Não sei se consigo fazer de novo na cara dura. Mas preciso treinar para 15 km se um dia quiser fazer uma meia maratona. Assim como 10 km é quando você espana num a prova de 15 km, estes 15 são a prova de fogo numa corrida de 21km. São 2 horas de duelo mental!!!! Corpo e mente bringando o tempo todo, e cada um parece que tem vida própria! É muito louco isso.
O Km 8 ficava bem em cima da ponte da Cidade Universitária. Liguei o turbo nessa hora para pegar o embalo da descida e fui num pinote até o final. Estava com medo de arrebentar o quadril como da outra vez e fui bem na manha. Mas no final, zooooom, dei as minhas pernadas. Eu quero terminar o ano fazendo 10 Km em 1 hora. Ainda faltam tirar 10 minutos. É bastante, mas dá. Falta muita malhação para não me arrebentar e ter coragem de desafiar mais os meus limites. Eu fico com medo de ficar sem ar, de me arrebentar...e no final da corrida eu sei exatamente em que pontos eu poderia ter dado mais e ganho uns minutos. De minuto em minuto eu chego lá! Minha medalha é de lata mesmo, mas foi uma honra e uma benção estar lá.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O extraordinário, logo ali

Daqui há 1 semana este blog estará de férias!
Eu sonho com os vinhedos na beira do rio Douro....
Lugares extraordinários.

Estas últimas semanas têm sido uma pauleira só. Mas uma pauleira extraordinária.
Voltando de uma viagem de trabalho a Santa Catarina na quinta feira tive uma visão do meu próprio futuro. A linha do horizonte, que nos faz continuar a caminhar embora nunca chegue, apareceu com cores novas e abaixo dela uma nova paisagem.

Eu já sei o que quero fazer no ano que vem. Well, antes disso tenho uns probleminhas técnicos para resolver. Uns furinhos e parafusinhos resolvem; é só uma questão de funilaria. Eu ando me juntando com gente fora do padrão. Tem gente estranha, mas é gente extraordinária. Uma delas é meu médico, simpaticão, mas estranho: um traumatologista do esporte que joga Rugby. Pode? E por aqueles acasos da vida que sempre calham comigo, está indo para o mesmo lugar que eu 1 semana antes.

Entre os estranhos e extraordinários, um garoto que é meu young coach. Ouvi de um professor da universidade, um extraordinário também, que é bom ter um coach mais experiente e um menos experiente, só que mais jovem, que te ligue ao espírito da época e não deixe sua mente envelhecer. Achei uma idéia genial. O meu trabalha just around the corner....mas vai embora, em busca de seus sonhos e seus ideais. De alguma forma o incentivei. Ele sabe que é meu young coach, e que vou ter saudades das nossas conversas sonhadoras, de um mundo melhor e mais divertido. Tomar um café com ele, com aquela carinha de jovem Einstein, os cabelos bagunçados, sua conversa fresca e cheia de esperança, salvavam o dia de qualquer desastre.

Nestes dias andei levando umas porradas, tipo "atirei o pau no gatoto, mas o gatoto não morreurreurreu...." Dona Chicaca admirousese... Ééééé... Dona Chica ( representada por 2 FDP's de primeira catiguria) terminou a semana bem pianinho, se fazendo de boba. Quer me fritar Dona Chica? Esquenta mais a chapa! Rárárá!

Tenho uma semana do KCTE pela frente, semifinal de campeonato. Tenho que chutar a bola e correr para o gol. Mas a vida pode ser extraordinária. Temos é que dar uma chance à ela e às pessoas extraordinárias que estão bem ao nosso lado, Graças a Deus.

sábado, 23 de agosto de 2008

Inconsciente coletivo da derrota




Que semana irritante.Não bastasse a porcaria da campanha política, o Brasil perde as chances dos ouros olímpicos. Lá mesmo, quase ganho, o inconsciente da derrota assola nossos atletas.

Isso sem falar em dopping de cavalo, varas perdidas....

Não sou esportista profissinal. Mas sei o que é determinação, concentração e força de vontade.
Hoje no treino o assunto foi este: a falta de auto estima dos nossos atletas. Este espírito maligno assolou toda a equipe olímpica!!!!

Torci muito pelo ouro das meninas do volei. Este esporte sempre esteve presente na minha familia. Minha irma jogou, atletas da seleção frequentaram nossa casa, alguns deles foram padrinhos de casamento da minha irmã. E isso perdura ainda hoje, porque minha irma é fisoterapeuta de um grande time paulista.

Mas havia algo de diferente naquela equipe. Havia acompanhamento psicológico. E por pura coincidência do destino, a psicóloga é minha companheira de equipe. Hoje de manhã estávamos torcendo pelo trabalho dela também. Pena que a equipe técnica não ganha medalha. Como já disse em outro post, é trabalho em equipe.

Chorei com Diego Hipólito. Mas 1 minuto depois me deu raiva. Não tem desculpa! Guardadas as devidas proporções, eu seria demitida no lugar dele!!! E aquela Jade, que já entra chorando na pista? E ainda dá declarações desastradas: só com galinha preta. Pelamordedeus, calem a boca dessa menina!!!!! Por isso que ela cai das barras!!!!

Faltou cuidar do cabeção dos atletas. Que pena!

Maureen ganhou por 1 grão de arroz, mas ganhou. Era sua revanche por tanta injustiça e tempo perdido. Falta de orientação do imbecil do técnico. Ser banida por um tratamento demartológico??? Aquela moça que pintava as unhas de verde e amarelo e levava ursinho na bagagem???

Esporte é coisa séria. Além de saúde física e mental, traz saúde social, Quem pratica esporte se estressa menos, se socializa. Não bota fogo em índio, não joga criança pela janela, não arrasta policial no carro. Mas exige vontade e determinação. Muita. Muita concentração. A mente pode vencer o corpo e vice versa.

Na hora de correr eu fico séria, Quando o coach está falando eu fico mais séria ainda. Na chegada eu abro o sorriso e relaxo. Sei que levo tudo a sério demais. Mas toda vez que ponho meus pés na pista eu sei que sou uma pessoa melhor e que nunca estive melhor: física, mental e socialmente. É isso que deixa minha auto estima lá em cima e me permite dizer: Sou brasileira e não desisto nunca!!!!
Vamos torcer pelo ouro do volei masculino de madrugada!!! Bernardinho é um cara sério. Um orgulho. Dá palestras sobre disciplina, determinação e trabalho em equipe para executivos.
Perder faz parte, mas quando toda uma nação perde junta nós temos algum problema.






A volta da louca da esteira

São fatos:
- o mundo é pequeno e mal frequentado
- coisas bizarras acontecem comigo


Hoje estava estacionando o carro na Bienal do Ibirapuera para buscar meu kit da Human Race Nike e ir na feira dos corredores (com convite VIP by the way).

Estou lá ;preenchendo a folhinha do meu cartão zona zul quando QUEM me pede a caneta
emprestada??????

YES! A louca da esteira!!!!!
SIM, aquela que socou a esteira na aula de running......

Aí tive o prazer de dizer: "Me desculpe, já emprestei minha caneta, estou com pressa e aqui é zona azul....."

Certamente a louca da esteira vai correr o Human Race. São 25 mil inscritos. Só falta eu cruzar a fofa... É pouco provável, porque ela é mais nova e mais forte do que eu, mas como eu sempre tenho umas historinhas prá contar......Who knows?

Quando eu ia imaginar que....

Quando eu ia imaginar que aos 37 anos:

- treinaria 1 ano para ganhar 10 minutos
- diria que a São Silvestre é uma zona
- receberia um convite VIP para uma feira de esportes
- pegaria uma roupa qualquer numa arara de tamanho unico e levaria para casa sem experimentar (e chegando em casa a peça serve!!!!!!)
- ganharia um KIT exclusivo da Adidas com meu nome
- escolheria minhas roupas pelas menores e não pelas maiores
- cuspiria num palito para saber se estou no meu pico hormonal da ovulação


Que diria......
Para tudo existe Mastercard, para o resto existe Visa e o que sobrar NÃO TEM PREÇO... tem é muito esforço e força de vontade!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Noite da Virada

Aêêêêêê!!!!!
Fiz 37 anos!!!!
Estou na noite da virada do jeito que eu gosto: tomando cerveja e comendo batata frita!!!
Hoje eu mereço, certo?

Acho que estou melhor com 37 do que com 27. Incrível como 10 anos se passaram!!!!
E eu me lembro de quando eu completei 17....


É estranho acordar e ter 37 anos - logo mais eu vou ter certeza.
Com a minha idade minha mãe já tinha 2 filhos e estava grávida do terceiro.
Hoje o cachorratra me ligou para falar dos meus peludinhos e e eu me senti muito importante.

Me dei de presente hoje as reservas dos hotéis das férias. Estou super animada e feliz em poder fazer uma viagem legal com o Hector. Desde que a gente chegou no Brasil é só pauleira e não descansamos desde que chegamos. Eu ainda fui prá lá e prá cá a trabalho. A gente merece uma folga.

Não estou com tempo de fazer "A" festa, como faço todo ano. Estou realmente cansada, com muito trabalho e em contagem regressiva para dar um tempo do outro lado do mundo.

Eu só peço a Deus um pouco de malandragem....
Às vezes eu sou a mesma boboca dos 17....

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

História da Flor de Lis

PARA QUEM NÃO CONHECE A HISTÓRIA ...
- Djavan teve uma mulher chamada Maria. Os dois teriam uma filha que se chamaria Margarida, mas sua mulher teve um problema na hora do parto e ele teve que optar por ela ou por sua filha. Perdeu as duas por obra do destino.Agora é possível entender a letra da música, sobre o ponto de vista de Djavan para o mundo, transformando sua dor em arte.

Flor de Lis
Valei-me, Deus!
É o fim do nosso amorPerdoa, por favor
Eu sei que o erro aconteceu
Mas não sei o que fez
Tudo mudar de vez
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei,Que amei, que amei, que amei
Será talvez
Que minha ilusão
Foi dar meu coração
Com toda força
Pra essa moça
Me fazer feliz
E o destino não quis
Me ver como raiz
De uma flor de lis
E foi assim que eu vi
Nosso amor na poeira,Poeira
Morto na beleza fria de Maria
E o meu jardim da vida
Ressecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem Margarida nasceu.
E o meu jardim da vidaRessecou, morreu
Do pé que brotou Maria
Nem Margarida nasceu.

Aproveite cada momento da sua vida ao máximo, passe o maior tempo possível com as pessoas que você ama; torne estes momentos inesquecíveis.


Enviado por Paty Ordini

Montanha Russa 2

A montanha russa continua Iupiiiiiiiiiiiiiiiiii
Quem trabalha com inovação tem que aprender a não vomitar no sobe e desce do carrinho. E não pode pedir para sair no meio do caminho.
É parecido com aquela situação típica quando você vai para o Nordeste fazer o passeio de buggy pelas dunas e o guia pergunta: com emoção ou sem emoção??? Com emoção!!!!! Aí já era, agënte o tranco até o final.

Como estou na montanha russa em pleno looping não está dando para escrever.
Também estou ocupando meu tempo virtual planejando minhas tão sonhadas férias!!!´

E por fim, eu não acredito nessa coisa de inferno astral. Meu aniversário é dia 19/8 e já está chegando. Só que é uma coincidência danada que justo neste mês as coisas se enrrolem como uma jibóia. Ando muito chata, estou precisando tirar férias de mim!

Não estou a fim de festa . Acho que é porque estou lotada de coisas e já me diverti na festa junina do Hector. Estou guardando a comemoração para as férias!

Só por curiosidade: nesta semana os sacanas que mandaram eu procurar meus direitos no rolo da piscina propuseram um "acordo". Bem ridículo por sinal porque não paga o prejú que eu tive em mandar quebrar a porcaria que eles fizeram e construir tudo de novo. Pois é. Fui procurar meus direitos e ...... achei!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Montanha Russa

São 0:38
Biologicamente é dia 5/8. Um dia que foi uma montanha russa de coisas acontecendo.

11:00 am começa a apresentação da dissertação do MBA. Somos o primeiro grupo da turma. Como é comum nas minhas situações de stress pré traumático fico muda e gelada.
Graças a Deus deu tudo certo e cumprimos a promessa que nos fizemos na primeiraa reunião de grupo: aquele era um trabalho para tirar 10. Promessa cumprida: 10 !!!!!
Fizemos um trabalho inédito - o MBA era de inovação, ora!

Me chamou a atenção o gosto dos professores em dizer que aprendemos com o trabalho, que era um tema atual, com literatura super atual e o produto da dissertação aplicável no dia-a-dia. Não consigo conceber a idéia que quem faz um MBA não aprenda algo. Outro comentário curioso foi de que o trabalho estava bem escrito, fluido e com bom português. Que tipo de desastre acadêmico anda ocorrendo na universidade???? Não fosse o raio da Lei Seca, eu tinha almoçado chopp com coxinha prá comemorar. Mas fica prá sábado.

Chego na empresa, um dos meus grupos de empreendedores pupilos está em crise. O coach que deveria ajudar resolveu puxar o freio de mão. Só vieram avisar, just in case. Outro grupo vem em seguida para a gente bolar uma lista de convidados para um projeto. Sempre que sou convidada para algo fico contente.Putz, pensaram em mim. Estranhamente tem gente que pensa: KCT lembraram de mim. Então a gente ficou passando a lista de gente "gente fina" que não ia dar o cano no grupo do projeto piloto. Sem falar do coach que só dá o cano. Surreal, mas meu papel é ajudar o grupo a fazer o meio de campo.

Até aí beleza. Abro o e mail e meu mundo despenca. Uma situação do KCT prá resolver onde eu estava na maior felicidade de que estava tudo resolvido. Sexta feira eu estava numa felicidade só. Chega a terça e meus projetos desandam num click . Este click infeliz me fez trabalhar até as 9:40 pm. O guarda veio anotar o número do meu crachá 2 vezes. No andar mais populoso da firrrrrrrrrrrrma consegui ficar só. Lá em Santo Amaro, há quase 10 anos, eles ligavam o aspirador. Era quase impossível trabalhar com aquele troço ligado.

Logo após de abrir o e mail assassino de felicidade, me reuno com um colega para discutir pepinos dos projetos. A esta altura minha vida já era uma quitanda de tanto pepino, abacaxi e abobrinha. Apesar de que eu atrasei quase 1 hora e ele viu minha aflição, me recebeu. Toda vez que eu sento prá conversar com ele é uma aula, e me livro de várias roubadas e pegadinhas. Hoje não foi diferente. Aliás, quem deveria tocar um dos projetos que eu cuido deveria ser ele e não eu. Já me ensinou umas jogadas ensaiadas ótimas. Passa algum tempo, recebo uma ligação inusitada. Meu colega me liga para dizer que sou das poucas pessoas que sabem escutar e que aprecia muito nossas reuniões. Justo eu que sou uma matraca, mas ele me ensina em minutos o que eu preciso saber. Além da amizade, tenho muito respeito pelo profissional que ele é. Putz, eu que tenho que agradecer, porque sou uma anta corporativa no assunto que ele domina de braçada. Mas enfim, não esperava por este feedback, como ele mesmo definiu. Disse que não tem a minha facilidade de se expressar, mas que fazia questão de me ligar e dizer aquilo. Não vou mais economizar nos telefonemas.

Aí meu irmão me liga no meio do pau comendo. Ligo de volta algum tempo depois. Meu irmão não é uma criatura muito afetuosa e é meu advogado. Então quando ele liga....eu fico gelada. Por conta da greve dos correios não recebi a intimação do processo da piscina (eu estou processando a empresa que ia fazer a piscina). Não faltava mais nada, certo? Errado

Chego em casa, tarde, risoto no fogo. Tudo certo para a sonhada comemoração do meu 10 ínédito, mas no meio da prosa comemorativa eu e o príncipe Hector começamos a quebrar o maior pau por causa do rolo da piscina. E eu dei uma atravessada básica no samba. Prá discutir a relação tem que ter pauta, senão mistura tudo e aí a confusão só aumenta.

E agora, biologicamente são 1:30 am do outro dia. Estou há 24 horas no ar. Eu poderia participar de qualquer reality show, porque dificilmente alguém teria a insônia a seu favor. Em geral os participantes dos reality shows passam muito tempo deitados ou se estressam com a privação do sono. A Duracell deveria demitir o coelho cor-de-rosa e me contratar.

O dia de 25 horas e meia está acabando. A tecnologia fantástica faz o computador funcionar wireless aqui da minha cama. Parece coisa de filme.

Vamos usar a metodologia Mastercard para fazer o balanço:

MBA na Fia: 50 mil e 18 meses de escravidão (dá para fazer 2 crianças!)
Projeto desandado: XX mil do meu bônus
Empreiteiro sacana: 25 mil
Pacotinho de risoto e vinho: 60

Tirar 10, receber elogio de um amigo, fazer uma DR e processar um bando de sacanas:
NÃO TEM PREÇO
(Ou melhor, tem. Porque meu irmão cobra menos mas me cobra. Chega de perfume grátis!)

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Amor no futebol


Quem disse que estádio de futebol é arena? Lamentavelmente muitas vezes sim. Mas neste final de semana no Morumbi até rolou um clima Love is in the air. Vejam na foto o por do sol no estádio, que coisa mais linda. Como sempre eu vou com minha camisa preferida, a do Raí.


Domingão foi o clássico da família :
São Paulo x Portuguesa. Fomos todos ao estádio neste evento raro. Raro porque a guerreira Lusa vai e volta da segundona, apesar dos rugidos da Leões da Fabulosa. A gente torce pelos dois.


Ato de amor 1: Papai é português, portanto torcedor da Lusa. Topou ir ao estádio na torcida do Tricolor (tudo bem que ele ganhou o ingresso e depois rolou uma bela pizza).


Ato de amor 2: Hector é um homem maravilhoso, mas é sofredor do Corinthians. Topou como sempre me acompanhar ao jogo, com direito a xingar o Richarlyson e o Dagoberto os 90 minutos de jogo. Tava torcendo de verdade! Até cantou umas musiquinhas da Independente. Que fofo!


Ato de amor 3: O marido palmeirense da minha amiga foi levar e buscar. Ela e o filho são Sãopaulinos. E depois curtiu a pizza com a gente.


Ato de amor 4: Muitos casaizinhos, muitos mauricinhos que só vão em jogos papai-mamãe, manos e sisters de outras tribos. Mas um casalzinho chamou a atenção. Eis que a mocinha estava com aquelas calças com cós muito baixo e ao sentar-se o "cofrinho" ficava bem à mostra, com a Independente inteira atrás olhando. Um olho nos chutes desastrados do Dagoberto, outro no cofrinho da menina. Mas o namorado queria fazer presença. Em vez de brigar com a moça, ficou com a mão no lugar estratégico discretamente o jogo todo. Muitos beijinhos e lambe-lambe, mas a mãozinha protetora do tesouro ficou lá firme e forte.


Apesar do Tricolor ter ganho a partida por 3x1, foi suado e a Lusa batalhou firme. Meu pai comemorou discretamente o Gol, mas todo mundo que estava em volta sacou a do portuga. Deu a maior bandeira com os comentários cheios de sotaque, mas se entregou mesmo quando foi escanteio para a Lusa e ele gritou "corner!" sem querer. Tudo bem....não era dia de clássico e à nossa volta era lindo ver as famílias, pais com filhos pequenos.....pena que não é sempre assim.


Tinha um cara com o filhinho pequeno muito fofo do nosso lado. "Quer sorvete, filho? Tá gostando filho?" Lá pelas tantas tapa as orelhas do garoto e grita: "Richarlyson seu FDP... sua bicha!!!!" Super família assim mesmo. O Richarlyson parece mesmo uma franga eletrocutada jogando e correndo pelo campo. Faz gol, mas domingo deve ter feito depilação e só deu bola fora. Ou melhor, dentro, porque quase fez um gol contra.


Eu A-D-O-R-O ir no Morumbi. Você pode falar o que quiser, berrar, xingar, ouvir rádio alto, comer coxinha oleosa esfiha de gato do Habbib's com cerveja. Na saída ou antes do jogo, um sanduichão de pernil na barraca da Ziza. Quando os jogadores entram em campo tem uma entonação prá cada um, mas o momento mais esperado é quando entra o Rogério Ceni: PQP... é o melhor goleiro do Brasil! Rogério! Se a família toda vai melhor: mais gente para abraçar na hora do gol, mais gente para você perguntar se o Richarlyson não é mesmo uma franga e comentar como o Rogério é fabuloso. Todos estes rituais de jogo do tricolor no Morumbi são o máximo, sem falar nas musiquinhas e coreografias da Independente.


É muito relaxante ir ao estádio...apesar do stress durante o jogo. Você sai de lá pronto pra encarar a semana. Oh tricolor ô ô ô ô clube bem amado....





quinta-feira, 24 de julho de 2008

Empresária Doméstica

O texto abaixo é de Martha Medeiros e foi publicado na revista do jornal O Globo.
Ando super ocupada, sem tempo e sem muitas idéias.
E esta é uma semana atípica: a gerente de assuntos do lar está de férias! O caos não se instalou...ainda. Em vez de estar na academia fazendo levantamento de peso... estive na lavanderia fazendo levantamento de roupa! Tá certo que o super Hector ajuda muito. A casa não vai cair se uns pratinhos ficarem na pia.


O texto da Martha é inspirador. Valeu a pena ler para pensar no que ando fazendo da vida.


Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso épossível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer . Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer,como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganhominha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas,namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas,
respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas!

E, entre uma coisa e outra, leio livros.Portanto, sou ocupada,mas não uma workaholic.
Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás.
Existe a Coca Zero,o Fome Zero, o Recruta Zero.
Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher.E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante.

Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projetopor dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.

Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga.
Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada.

Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer abolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.

Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudoisso, francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rostolavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelase nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante'.


E se tiver um tempinho entre no link da crônica "Mulheräo"

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Cara de Samambaia

Detesto fazer cara de samambaia e dar aqueles sorrisinhos corporativos. Mas às vezes a única saída é a cara de samambaia, fazer o quê??? Faz parte do kit de sobrevivência corporativo.
Imagine aquela animação de samambaia! Emoção de samambaia! Super corporativo.

Dr W e Dra M vão se orgulhar amanhã. Tive relações egocêntricas empáticas de altísssimo nível no final de semana passado. Foram, tão empáticas, tão desprendidas, que neste sábado rola uma feijoada de homenagem aqui em casa. De coração mesmo. Alto da pirâmide de Maslow expandida!!!!!

Mas quem ganhou o prêmio nesta semana foram minha cunhada e meu cunhado. Grande sujeito. Grande garota. Pararam no Free Shop em Portugal e compraram um Kit Saudades Português para meu pai, que incluiu Vinho do Porto, Queijo da Serra e CD de Fados. Para meu pai, que nem é parente deles, mas é meu pai, que adora e se diverte com o sotaque português dos meus cunhados que agora moram em Angola. Poucas vezes eu vejo meu pai tão entretido e entusiasmado.....E eles têm aquela paciência para escutar as histórias do Discovery Portuga Channel. Sim , porque meu pai viu a Nau chegar em Porto Seguro, sabe tudo, até a cor da cueca do Pedro Álvares Cabral.

Mas eles também estão cansando de fazer cara de samambaia.....a bacia de jabuticaba ainda está cheia, mas não vale a pena deixar a bacia esvaziar para ficar chupando o caroço. Fazer cara de samambaia sempre não vale a pena, apesar de necessário. São 10 anos mais novos que eu, mas não querem 10 anos de jabuticaba e de cara de samambaia.

Minha amiga VK deve se lembrar das férias que passamos em Porto Seguro quando eu li na Revista Nova (que cultura!) sobre a Síndrome da Impostora. Dei um grito no meio da praia deserta, finalmente havia descoberto! Eu era uma impostora e tinha pânico de que um dia alguém descobrisse que eu era uma fraude. Esse era o problema!

Que problema???? Pura idiotice!!! Como é que eu cheguei ao ponto de me convencer de que eu tinha Síndrome da Impostora? Fiz muita cara de samambaia durante anos, e aí me identifiquei com essa Síndrome da Impostora. Na dúvida, cara de samambaia, safe shore. Cara de Comitê da Belíssima, sabe?

Alguns anos depois, litros de florais, litros de vodka, tarjas vermelhas e pretas, quase 40 anos nas costas, vejo que tudo isso é uma grande babaquice. O problema é me convencer realmente de que é babaquice. Um amigo disse outro dia que a cada 3 anos aparece um FDP prá te puxar o tapete e sacanear. Graças a Deus não tenho esta estatística. Mas ele é especialista em cara de samambaia, apesar da sua personalidade inigualável. Não sei como ele consegue.

Hoje me disseram que eu sou a mais paulistana (ou paulista) da diretoria. Enche o saco que estejam sempre falando algo a meu respeito. É que abandonei a cara de samambaia há algum tempo. Sei lá o que ser a mais Paulistana quer dizer. Dizem que os Paulistanos são metidos, falam "meu", são semi-italianos....Seja lá o que for, MEU, sou paulistana, mas não com de cara de samambaia. Minha família é toda da Móoca Bello! Meu tio é presidente da associação! Mamãe nasceu pelada na 25 de março porque o enxoval atrasou. Papai veio com 16 anos para o Brasil para não morrer na guerra de Angola. Quando meus pais se casaram e foram morar na zona Sul de Sampa era um absurdo! Morar naquele mato, perto do aeroporto! Mas eu e meus irmãos queríamos a Móoca, onde dava para andar descalço, comprar fiado na conta da Vó Naza na esquina, comer talharinada com pomarola, jogar taco na rua com a italianada, comprar esfiha na Juventus, assistir jogo na Rua Javari. E no final do dia, um banho de esguicho, e vestir a camiseta da Lusa. Hoje taco é jogo "cult". Tem gente que compra o jogo em loja de brinquedo "conceitual" na Vila Madalena (pelamordedeus é só um pedaço de pau com uma bolinha!). Mas não é pior do que comprar Pipa no Villa Lobos ou no Ibirapuera.

Também posso ser a mais paulista, porque morei 4 anos no interior, em Araraquara. Quando voltei pra Sampa minha mãe me mandou na fonoaudióloga - que sotaque horrível aquele de além Km 70 da Anhanguera/Bandeirantes???? Pumba (um ruído seco na madeira)! Que foi filha? Tirei a lente e bati a cara na poorrrrrta. Buááááaá! Pára de falar assim menina!!!!! Assim como? Eu morava com 3 piracicabanas, 1 campineira e 1 de Lençois Paulistas. Mas que delícia ir na Festa do Peão (em qualquer fim de mundo) e torcer para a Ferroviária (time de Araraquara) no estádio municipal. Também torcia para o XV de Piracicaba ( o xis vê), timeco da segundona, mas todos eram bons motivos para estar com a turma e tomar cerveja Polar. Ser a única paulistana não era diferencial nenhum. Tiravam o maior sarro de mim porque eu só conhecia vaca no zoológico, não sabia tomar pinga pura e jogar truco. Não tinha cara de samambaia que desse jeito nisso. Mas minha família tinha rotisserie, a lazanha era muito boa, a cerveja farta, e nossa casa era point em Sampa.

A Exame Samambaia jaz em cima da mesa. A Veja Samambaia toma sol no jardim todo fim de semana. As samambaias crescem indisciplinadamente no jardim.....plantinha pré histórica. Herdei as minhas da Vó Naza e elas continuam crescendo, se espalhando em qualquer lugar.

Toda vez que eu tento ser corporativa e faço cara de samambaia me dou mal. Acho que tenho que escolher outra planta. Ou ter o zap na mão prá gritar TRUCO MARRECO!!!!!!!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Sobre o tempo e jabuticabas

Eu ainda sou nova para contar as jabuticabas, mas não é preciso esperar a bacia esvaziar para ter uma atitude melhor em relação à sua vida.


(autor desconhecido)

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daquipara frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina queganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente,mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quemeles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.

Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos parareverter a miséria do mundo.

Não quero que me convidem para eventos deum fim de semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutirestatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesarda idade cronológica, são imaturos.Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de"confrontação", onde "tiramos fatos a limpo".Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargode secretário geral do coral.Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: "as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos".

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.

Enviado por Sheila Borgato

O IDIOTA E A MOEDA‏

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia. Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.

Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 REIS e outra menor de 2.000 REIS. Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos. Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.
Eu sei, respondeu o tolo. "Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda".

Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.
A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.
A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?
A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.

Mas a conclusão mais interessante é: A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito. Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos.

O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente.

enviado por Cida Oliveira

sexta-feira, 27 de junho de 2008

A UTILIDADE DE COMER VIDRO

Por Diva Luisa de Lucca

Na capital do reino da Brasilândia decidiu – se, democraticamente, que todos os funcionários públicos deveriam ingerir um pedaço de vidro branco, diariamente, não importando a qualidade, mas deveria ser totalmente transparente. Essa decisão foi baseada nos resultados de uma pesquisa científica, esta comprovava que comendo vidro os seres humanos ficavam com a mente clara, transparente e translúcida, como o vidro quando é atravessado por um feixe de luzes.
Passados quinze dias do início da prática de comer vidro, os primeiros resultados se fizeram sentir.
As pessoas chegavam sorrindo ao trabalho, pois a transparência imperava. Quando brilhava o sol todos ficavam translúcidos.
Desapareceu o medo, a competição, a raiva e os outros problemas inerentes ao convívio humano, notadamente em uma sociedade neo – liberal.
A corrupção caiu a nível zero.
No Senado e na Câmara os melhores projetos, engavetados há longo tempo, foram aprovados com um amplo e translúcido acordo.
O corpo executivo, translucidamente, não vetou nenhum projeto.
O Judiciário, finalmente, conseguiu julgar com isenção translúcida, protegendo os mais fracos e desvalidos. Os juízes iluminaram as crianças, desapareceram as prisões ilegais de menores e os estupros.
As Forças Armadas se uniram e rumaram para as florestas, zelando pela bio diversidade e pela integridade das populações indígenas.
Com o passar do tempo a população do reino foi adquirindo o hábito de comer vidro.
Os pequenos produtores se uniram e passaram a produzir pequenos e lindos pedaços de vidro, translúcidos, coloridos, que eram consumidos ao amanhecer pelos habitantes do reino.
A entonação do falar mudou, tornou - se doce. Variava de acordo com a tonalidade do vidro.
Todos brilhavam. Essa parte do planeta reduziu o consumo da energia elétrica.
Os tripulantes das naves espaciais esperavam, ansiosamente, passar pelo Reino da Brasilândia, quando podiam avistar a população translúcida e feliz.

18.06.08

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O que aprendi com o esporte

Voltei a treinar há alguns dias e hoje voltei a fazer aula de corrida na academia.
E na aula de hoje, além da música que dá aquela turbinada no treino, a Profa. colocou um video sobre a história da competição Iron Man (homens e mulheres). Incrível! São cenas maravilhosas de risos, vitórias, superação...atletas que cruzam a linha de chegada gritando de alegria, outros que cruzam engatinhando e ainda há aqueles que não conseguiram chegar. Há um capítulo especial para a história de um pai que correu o Iron Man várias vezes empurrando o filho deficiente na corrida e puxando o carrinho com a bicicleta. Tem que ser Iron - não só o corpo, mas a mente, o coração, a fé e a coragem. Uma prova destas pode passar de 8 horas, em 3 modalidades (natação, bicicleta e corrida).

Nascer brasileiro tem uma vantagem: você não vai precisar aprender a falar português, que é uma língua bem difícil de aprender. Faço este comentário do idioma porque em inglês o verbo TO BE significa ser e estar, e você só entende no contexto da frase, o que economiza muito vocabulário.

Quando estava na aula hoje, eu não "era" atleta, mas "estava" mais atleta só de ver aquele vídeo e estar na aula com mais gente treinando. Em português dá para diferenciar Ser de Estar, e é bom na vida ter uma boa noção da diferença.

O grande lance hoje é que voltei ao treino com um rendimento melhor. Na aula a gente faz trote leve, começa a correr leve, forte e mais forte. Além de trabalhar a velocidade também trabalha constância, ritmo cardíaco e inclinação. Eu aumentei minha velocidade em cada estágio no plano. Hoje eu faço 10 Km em 1 hora e 10 minutos (no chão de verdade). Espero melhorar este tempo para 10 Km em 1 hora ainda neste ano - sem me arrebentar de novo é lógico. É muito difícil vencer estes 10 minutos, até para um atleta profissional. Mas por alguns minutos na aula eu corri a 9,5 Km/hora no ritmo forte e cheguei a 11 Km/hora no mais forte. São séries curtas, de 2 minutos, mas naqueles minutos preciosos chego perto dos meus objetivos e vejo que vai dar.

Faltam "só" 50 minutos, talvez mais, porque da esteira para o chão e com as inclinações do percurso 10 Km/hora viram 8Km/hora e até menos. O frequencímetro aponta que no pico eu já estou a 95% da minha capacidade respiratória - ainda tenho 5% de reserva, mas já é o limite. Só que não existe frequencímetro na sua cabeça, na sua mente, nem na sua alma. São elas que fazem com que você se supere, que peça a Deus só mais 5 minutos de pernas para fazer o último kilometro.

Numa provinha de 10 Km (na maratona são 40Km), uma corredora amadora como eu pede 10 minutos de pernas e ar no Km 8, porque entre o Km 9 e o Km 10 é pura adrenalina, motivação, vontade e fé. Eu rezo no início das provas para que os anjos me acompanhem e me carreguem no final. A partir do Km 9 já tá chegando, é só mais 1 músiquinha no iPod. Vai na "baguela". Na última prova eu pedi e Deus me atendeu, mas custou meio caro porque me machuquei e fiquei 1 mês parada. Ele me atendeu para eu aprender sobre ter limites. Foi uma lição dura e dolorida. Nessa hora tem que ser Iron (no sentido de forte, não de frio). Iron para ter juízo e parar. Há atletas profissionais que chegam a desmaiar, são carregados e até chegam engatinhando! Não desistem! São traídos pelas pernas que se recusam a fazer o que a mente de aço quer. O Homem é mecanicamente perfeito, divino, porque Deus foi capaz de nos programar para parar, mesmo que a mente teimosa insista. Por outro lado programou a mente para ser persistente, para que o corpo lute para ser melhor.

A neurociência tem explicado muitas coisas. Num ambiente onde há mais espaço e incentivo para criatividade e inovação, você será mais criativo e inovador. A rede neural do seu cérebro aprende com a rede neural dos que estão a sua volta, e 2+ 2 são muito mais do que 4. Por isso todo mundo é capaz de ser criativo! Eu já vi isso acontecer mais de uma vez no meu trabalho. Parece um milagre. Parece não: é! Somos criaturas perfeitas e divinas, programadas para aprender melhor com os outros, desde que sejamos humildes para entender isso. No esporte é quase assim. Aprendendo sobre persistência, superação e limites. Aprendendo com os outros, companheiros de treino, professores e treinadores você pode ser um bom atleta, no seu limite, mesmo que não seja o melhor. Embora não pareça, a corrida é um trabalho em equipe.

O mundo já viu grandes gênios e grandes atletas, mas eles são cada vez mais raros. Os gênios porque a tecnologia da informação permite a ampla distribuição de conhecimento e é cada vez mais difícil ter uma idéia original sozinho. O grande Steve Jobs, o pai do iPod, tem um exército de mentes brilhantes ao lado dele. Os atletas já estão no limite da máquina, brigando por milésimos de segundo, centímetros, ao ponto que torna-se discutível se um atleta paraolímpico de pernas mecânicas não leva vantagem sobre um atleta regular numa corrida de curta distância. De fato, a perna mecânica mais moderna do mundo confere vantagens porque projeta o atleta com mais eficiência. Ainda assim ambos têm mentes e almas de aço para estarem ali.

Um triatleta é sempre mais forte em 1 modalidade. Na vida você tem que ser forte em várias: bom filho, cidadão, pai/mãe, profissional, amigo.....e procura ser Iron em quase todas. A corrida só acabada quando você cruza a chegada, mas se não cruzar sempre haverá outras. Na vida nem sempre temos a mesma chance. Então, já que o cérebro aprende em rede, eu procuro estar com gente boa, para poder ser, e não estar, um ser humano melhor. É só 1 chance e não dá para disperdiçar.

Eu nem acredito que hoje eu escrevo sobre esporte, porque há 1 ano atrás eu jamais pensaria sobre isto. Ainda mais sobre corrida. E menos ainda que fosse sair para correr numa manhã gelada na fazenda onde meu grupo de trabalho se reuniu por 2 dias. O truque foi ter dormido com a roupa do treino, mas uma amiga triatleta se comprometeu comigo e bateu na porta do meu quarto pontualmente às 6:30 am. Depois de um dia confuso, aquele ar gelado entrando pelos pulmões me fez um bem danado.

Termino este texto sobre alguns dos meus aprendizados com o esporte com um episódio que foi mais uma lição. Uma moça muito bonita, corpão de atleta e desempenho de atleta estava treinando do meu lado. Na tela o vídeo maravilhoso do Iron Man. Entre outras coisas, é bem comum na corrida que um atleta não consiga pegar o copinho de água, mas o colega de trás pega ou o da frente divide. Lá pelas tantas o painel da esteira dela parou e a doida começou a socá-lo aos palavrões. Uma falta de respeito e de educação completa com a Profa, a academia e os outros que estavam na sala. Isso não é atitude de aluno muito menos de atleta. Porque não jogou o iPod dela na parede? Fiquei com uma vontade IMENSA de dar uma toalhada (que já estava enxarcada de suor) naquela babaca. Talvez eu fizesse isso mesmo há não muito tempo atrás (outra hora eu conto da São Silvestre). Comentei com a Profa, e ela disse que não podia fazer nada, e que não era a primeira vez. Ela é muito tolerante e paciente, porque a mente já está treinada para esse tipo de "desafio". Não me convenceu, mas como aluna e cliente da academia eu podia reclamar. Não reclamei, mas dei uma toalhada na lindona de outro jeito. A aula acabou e ela ainda continuou correndo. Não ia continuar por muito mais tempo e eu tinha certeza que em uns 10 minutos ela ia aparecer no vestiário. Na conversa com a Profa no vestiário TODO mundo ficou sabendo que tinha uma loira babaca socando as esteiras na aula. Touché! Saí fora e ...... a fofoca e invejinha devem ter feito o resto do serviço, melhor do que uma toalhada molhada no meio na fuça. Somos seres mecanicamente perfeitos, mas fofoca e inveja são defeitinhos do ser humano, um bug no nosso sistema operacional - ainda mais se tratando de uma loira de corpinho perfeito.

Let's Go! Keep walking!

terça-feira, 24 de junho de 2008

Um dia muito diferente

Ontem foi um dia muito diferente e provavelmente hoje também será.
Ganhei um presentão! Um dos meus consultores esteve nos USA, em Berkeley, que é a meca do Empreendedorismo e Inovação. Ele falou com um dos professores sobre a Natura e os projetos que estamos fazendo juntos e o Prof me convidou para assistir ao módulo de 2 dias do MBA da Haas School Of Business da University of Califórnia em Berkeley. B-E-R-K-E-L-E-Y dá para acreditar????

A aula foi sensacional! Eu já assisti palestras e conferências no Brasil e USA, mas desta vez foi especial, porque era uma aula de verdade! Pode parecer bobagem, mas isso tem um significado enorme para mim e estou muito feliz.

A turma é especial também. Tem uma senhora que é religiosa (católica) e está estudando no MBA para levar mais qualidade de ensino para a instituição em que ela trabalha. Já é uma inovação tremenda uma religiosa no MBA, da idade dela e para melhorar educação!

Fizemos exercícios bem legais, super dinâmico e o dia passou voando.

Terminamos o dia num happy hour com os professores. Foi bem legal conversar sobre tantos desafios com o prof John Danner, que foi quem me convidou (ele fala meu nome de um jeito engraçadinho: Letixia) e o Prof David Charron. Também falamos muito do Brasil e eles super interessados em tanta diversidade que há por aqui. Claro que nao acharam graça que no primeiro dia de aula metade dos alunos chegaram atrasadados com mais de 100Km de congestionamento antes das 9:00am. Agora eu tenho este hobby de contar os Km de comgestionamento e acompanhar a evolução dos records.

Mas para finalizar, um dos colegas de classe, além de executivo é pastor. E fui conversar com ele sobre minhas inquietações religiosas. Um sujeito nota 10. Não sei como consegue ser pastor, pai de 3 filhos e executivo. É coisa de Deus mesmo. E o dia terminou com uma ministração só para mim num bar do WTC. Acho que Deus não se importou de ter sido no bar e eu tomando uma sakerita de lima (bebidinha de mocinha). Mas inovação é isso mesmo: quem disse que não posso receber a palavra no bar?

E agora Let's GO! que a aula vai começar.

domingo, 22 de junho de 2008

Acende a fogueira do meu coração....



O balão vai subindo
Vai caindo a garoa
E céu é tão lindo e anote é tão boa
São Joãooooooooooooo
São Joãooooooooooooo

Acende a fogueira, do meu coração!









Depois de uma semana chata, cheia de encanações e Ser ou Não Ser eis a questão, hoje a fogueira do meu coração acendeu de novo. Na sexta já estava tudo certo. Dra M me fez lembrar que eu exageeeeeeeeeeeeeeerooooooooooooooooooooooooooooooooo. Mas ela concordou comigo que as coisas foram meio estranhas mesmo. Xôoooooo chatice e post baixo astral.

Fizemos uma Festa Junina para comemorar o aniversário do meu Hector. Me vesti de caipira, dancei quadrilha e forró. Inauguramos a churrasqueira! Paçoca, pé-de-moleque, quentão... Que arraiá bão sô! Estava tudo colorido e cheio de bandeirinhas. Também teve dupla caipira. A casa é farta: "farta" lustre, "farta" porta, "farta"tapete....e daí! Eu amo minha casa em versão beta!

Me deu uma saudade louca da minha vó. A avó da moça que organizou a festa fez arroz doce e canjica. Era de comer ajoelhado de bão e com lágrimas nos olhos de saudades dos doces que ela fazia.

Os balões não podem mais subir, a garoa chatinha cai e faz a gente tomar mais quentão. A gente pode acender a fogueira do nosso coração todos os dias. Hoje foi reunindo os amigos, celebrando o aniversário do meu amor e lembrando das tradições.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Uma executiva no céu

Foi tudo muito rápido.
A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou, deu um gemido e apagou.
Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso portal. Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas. Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes :
-Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório, porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque meu convênio médico é classe A , e isto aqui está me parecendo mais um pronto-socorro.
-Onde é que nós estamos?
-No céu.
-No céu?...
-É. Tipo assim, o céu. Aquele com querubins voando e coisas do gênero. Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente.
Apesar das óbvias evidências (nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguém usando telefone celular), a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na curva. Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bônus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa. E foi aí que o interlocutor sugeriu:
-Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico.
-É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?
-Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.
-Assim? (...)
-Pois não?
A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro. Mas, a executiva havia feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu rapidinho: -Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e...
-Executiva... Que palavra estranha. De que século você veio?
-Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo " executiva"?
-Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo.
Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por ssim dizer, celestial ali na organização.
-Sabe, meu caro Pedro, se você me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para esse povo todo aí, só batendo papo e andando a toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistêmica.
-É mesmo?
-Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não vejo ninguém usando crachá . Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê?
-Ah, não sabemos.
-Headcount, então, não deve constar em nenhum versículo, correto?
-Hã?
-Entendeu o meu ponto? Sem controle, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia. Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance.
-Que interessante...
-Depois, mais no médio prazo, assim que os fundamentos estiverem sólidos e o pessoal começar a reclamar da pressão e a ficar estressado, a gente acalma a galera bolando um sistema de stock option, com uma campanha motivacional impactante, tipo: " O melhor céu da América Latina". Fantástico! É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização de um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver. -Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista... Ele existe, certo?
-Sobre todas as coisas .
-Ótimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valoragregado. O mercado telestérico por exemplo, me parece extremamente atrativo.
-Incrível!
-É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um Board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro, coisa assim de salário de seis dígitos e todosos fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro: o desafio que temos pela frente vai resultar em um turnaround radical.
-Impressionante !
-Isso significa que podemos partir para a implementação?
-Não. Significa que você terá um futuro brilhante se for trabalhar com o nosso concorrente.
Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno...
Max Gehringer (Revista Exame)