segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A moça que trabalha lá em casa

Meses atrás eu li um post da Danuza que dizia que quando você encontra potinhos na geladeira e tem medo de abrir porque deve ter uma cobra dentro é hora de mudar de empregada.

A moça que trabalha aqui em casa, não tão moça porque é mais velha que eu, não esconde cobras nos potinhos. É boa, honrada e de confiança. Só que é folgada. Tinha esperança que ela pedisse umas 2 semanas de férias em janeiro. Para eu tirar férias dela e ela de mim. Mas veio com um H de tirar UM MÊS entre fevereiro e março quando a neta nascer. Menos mal que fevereiro tem menos de 30 dias.

Na sexta me pediu dinheiro emprestado - de novo. Hoje trouxe a filha - de novo - e apesar de teoricamente só sair de férias em fevereiro, já foi avisando que não vem dia 26 porque vai viajar com o namorado. Isso porque antes de tentar me morder 300 pratas na sexta, me mostrou um exame de quem vai ter que operar o períneo. Deus abençoe tanto tesão e energia.

Não tem cobra na geladeira, mas como a filhota veio encher minhas paredes de mãozinhas (ainda não entendo porque uma mocinha de 12 anos parece ser filha do Homem-Aranha), tinha uma "mousse" cor-de-bosque com 2 colheradas. Deve estar tão ruim que nem o amor de filha aguenta a terceira colherada. Quando dá larica lá se vai meio pote de requeijão e meio pacote de pão. Sem falar no miojo e na mortadela com pistache. Mas o que mais me irrita é quando minha mãe manda um pedação de qualquer coisa e, em vez de comer de uma vez, deixa só uma nesga num pratinho. Se vai comer come tudo KCT! E ficam rolando na geladeira 2 fatias de presunto, 1 fatia de queijo, um pote raspado de requeijão, as "tampas" do pão de forma, uma nesga de torta, um pote de mousse cor-de-bosque.

E por falar em pratinho, os que combinam com as xícaras e sobreviveram aos arremessos no escorredor, estão debaixo das plantas. Eu tiro os pratinhos, os pratinhos voltam lascados. Sem falar do risco da dengue. As plantas escorrem e mancham as peredes. Eu tiro os pratinhos, os pratinhos voltam. Eu sei que é boa vontade e muita criatividade para plantar ervas daninhas num vaso.

Cheguei em casa tarde, a TV (a nova, de 42 polegadas) estava no SBT e a caixa de bombom que eu ganhei do Hector sumiu. S-U-M-I-U, junto com os bombons Lindt que eu ganhei da minha prima. Ainda bem que dos Lindt devem ter sido só 1 ou 2 porque eu mesquinhamente não ofereci nem para o Hector e os sensacionais sticks de licor não apeteceram.

É uma babaquice minha, mas eu realmente fiquei muito P da vida quando cheguei em casa, minha TV estava no SBT e os Lindt tinham sumido. Fico verde-azul-amarela de pensar que alguém estava no meu sofá, na minha TV presente de Natal, comendo os Lindt que minha prima deve ter carregado na mão prá não amassar. Eu sei que ela daria os Lindt pela empregada que não existe fora do Brasil, mas no Brasil não existe aquela embalagem da Lindt com os bombons bola de 5 sabores!!!! É fim do ano, estou estressada e mereço comer meus bombons Lindt com o Hector.

Amanhã, véspera da véspera de Natal, vou fazer o que faço todo ano. Um presente para ela, um para a devoradora de Lindt, e mais uns regalinhos para a ceia de Natal. Apesar de toda minha irritação, sou grata por tudo que ela faz por nós. Um dia eu também vou ter crianças que metem as mãos nas paredes, mas serão as minhas paredes e as minhas mãozinhas, e tenho certeza que vão ser mãozinhas de Lindt só prá eu largar mão de ser babaca.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A festa da firma

Eu não sou de negar festa, mas confesso que não estava na maior das animações para ir na festa da firrrrrma. Depois de um ano prá lá de difícil, confraternizar com gente que eu mal conheço não parecia boa idéia.

Dou o braço a torcer: a festa foi o máximo. O tema era anos 80 - 20 anos e quase vinte quilos atrás. Descolei do fundo do baú uma blusa rosa choque que fazia um laço no quadril, ombreiras e meu All Star velho de guerra. Aquele tênis pode contar uma parte da história da minha vida.

Logo na entrada, o Bozo ao vivo e à cores. O palhaço tava bem doido e começou com um papo nada a ver. Vou brincar com ele com a velha piadinha: "que horas são?" e o palhaço deveria responder "cinco e sessenta". Com umas biritas na cabeça o Bozo esqueceu.

Não pude acreditar no garçom com uma bandeja de Keep Cooler. Olhei a graduação alcóolica e me dou conta que é maior do que uma cerveja. De onde sairam as garrafinhas???? Havia vitrines com brinquedos como o Atari, Genius e o Cubo Mágico.

Eu não conhecia pelo menos 1/3 do povo da festa. Olho umas meninas imitando a Xuxa e as Paquitas no palco. Tem que ter coragem para vestir aquele shortinho de Paquita. Começa a cantar a música do Balão Mágico e a Simoni em pessoa e passadinha era quem estava cantando. De pop star a show de festa de fim de ano de firma, lá estava a Simoni com o Ursinho Pimpão e um Jairzinho Cover.

Esta foi uma década cheia de eventos: criança, adoslecente e entrei na faculdade. Uma amiga bem original foi com uma camiseta escrito "Diretas Já!". Me acabei no show do Menudo e pouco tempo depois namorava um punk (que virou mocinho) e ia no show do Ramones (que me rendeu uns cascudos por ir escondido).

Eu pirei mesmo quando o Roger do Ultrage a Rigor subiu no palco. Que máximo! Roger descreveu bem quem foram os jovens da década de 80 com a música "A gente somos inutel". A galera foi ao delirio com hits como "Mariloo", "Nós vamos invadir sua praia" e "A gente gosta é de mulher". Me acabei dançando aquela dança estranha e desengonçada. Hoje acordei com dores pelo corpo todo depois de ter usado os músculos que estavam parados há vinte anos!

Eu tinha, uma galinha, que se chamava Mariloo....
Não se reprima! Não se reprima!
Chorando se foi quem um dia só me fez chorar...

E com Menudo, Heavy Metal, Lambada e Keep Cooler a noite passou voando.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

I´m Back!

Sábado à noite, corrida noturna da Reebok. Me deu um certo frio na barriga, porque na corrida do ano passado eu estourei o meu tendão. Além disso eu fui sozinha para a USP porque o Hector foi no aniversário da filha de um amigo.

Estava bem bonito, iluminado, som bacana e com os coloridos do Natal, mas no ano passado estava mais animado e tinha bem mais gente. Pela primeira vez corri num evento menor. Por menor leia-se umas 3 mil pessoas. A prova da Nike reúne umas 10 mil e a São Silvestre quase 20 mil.

Numa corrida que deve terminar em 1 hora, a largada atrasou mais de 20 minutos. Coisa de mauricinhos e marketeiros. Eles não controlam o dimer do sol. A corrida tem que ser noturna ora, então vamos esperar até ficar escuro para começar. Já fui marketeira durante mais da metade da minha carreira e até entendo. Só no escuro é que os efeitos visuais ficam legais. Um cara esquiou no céu, num rastro de estrelinhas. Depois o balão da Reebok acendeu e foi dada a largada. Mas enquanto tudo isso não acontecia a moçada ficava lá na maior azaração procurando lugar na largada, de preferência onde a população fosse mais maneira. Tô eu lá de novo observando o que as pessoas fazem para disfarçar minha ansiedade.

Logo no início um trio elétrico jogava espuminha para parecer neve. Tinha também um corredor com uma galera vestida de Papai Noel. Uma moça esquece da prova e fica lá embaixo da espuma dançando. A proposta da prova era de mais diversão que performance. Na prova anterior o negócio era mais sério, veio gente de fora para participar e valia pontos de classificação no circuito internacional. Eu é que sou muito cabeçuda e levo tudo a sério demais. Ver os quenianos voltando quando ainda não cheguei nem na metade dá o maior desânimo, mas dá um putz de um orgulho de estar junto com eles.

O primeiro km de qualquer prova já mostra mais ou menos o que vai acontecer. O que doer, vai doer mais. O que pinica ou aperta vão infernizar a corrida toda e assim por diante. Naquele dia, apesar de ser início de dezembro, o frio foi aumentando. O que pegou mesmo foi o medão de ficar para trás ali no meio da USP. Estava bem iluminado e com bastante gente de apoio. Enquanto eu podia esticar o pescoço e ver o primeiro pelotão tudo bem. Depois do meio da prova comecei a abrir distância e prestar cada vez mais atenção em quem estava em volta. Pode parecer incrível, mas mesmo com 3 mil pessoas deu para sentir a sensação de deserto.

Estou quase em forma de novo. Adradeci a chatice da musculação e também fiz um agradecimento coletivo aos personagens do Ecossistema que me ajudam a cumprir a rotina. Desta vez não me arrebentei e terminei super bem. Claro que cansei prá burro e lembrei do que um professor do MBA disse no primeiro dia de aula. Ele passou um aperto num mergulho e nos deu a lição de que na hora da crise o melhor é recorrer a uma boa teoria. Barriga prá dentro, ombro alinhado, pisa firme, cabeça prá frente, olha a frequência, e isso, e aquilo. "E sorria! Isso aqui é diversão! Vocês não estão carregando pedra!", disse um cara da organização. Olho pro lado e caio na risada junto com uma outra corredora que devia estar sentindo o mesmo que eu. Já eram 9 horas e a Flora devia estar matando alguém na novela.

Ao passar pelo tapete vermelho da chegada e escutar meu nome fiquei imensamente feliz por estar de volta. Mas logo reflito que há pouco mais de 1 mês eu passei por um dos momentos mais difíceis da minha vida. A vida me recebeu de volta com tapete vermelho e estou pronta para a próxima!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

O Ecossistema 2

É verdade: segunda feira é o dia mais bombado na academia. Na terça o movimento deve ser pelo menos uns 30% menor. Acho incrível este insconsciente coletivo de abusar no final de semana e expurgar os pecados da gula e da preguiça na segunda.

A segunda desta vez foi das morenas. Na fazenda de esteiras, no lugar da Loira 1 tamanho 38 tinha uma morena e ao lado um fortinho. E eu lá seguindo a risca a planilha de treino olhando os 2 com aquele passinho de shopping. Como diz minha amiga She, "tá pensando que veio para este mundo a passeio"? Eu morro de rir quando ela diz isso. Quem está a passeio na academia bem na hora do rush deveria levar multa.

A ruiva não malha mesmo, só fica fazendo hora. Sobe no skywalker e quando ameaça suar pula fora com a pochetinha direto para o banheiro para alisar a franjinha. Daí uma sujeita começa a contar para a ruiva que naquela manhã o marido tinha dado a notícia de que fora demitido. A doida solta que não está nem aí, que bem feito, que o cara era um lerdo mesmo e blá blá blá. Pode? Quem é que pode sentir satisfação numa coisa destas?

Por fim, estou lá esticando as canelas e o Loiro Jesus aparece bem ao meu lado. Deve ser um sinal! Estou morrendo de tédio e bufando em um exercício chatérrimo quando vejo uma versão miniatura do Patrick Swayze. Só faltava ele sair rodopiando ao som de Time of my life pelo salão (remember here!). E aí comecei a pensar com que fantasia vou na festa anos 80 da firrrrrrma....